Descarte de eletrônicos: boas práticas

Descarte de eletrônicos: boas práticas

Com uma vida útil tão curta, a transição dos equipamentos para lixo eletrônico se dá em um ritmo acelerado. Estima-se que cerca de 500 milhões de telefones celulares não utilizados estão se acumulando nas casas das pessoas. Além dos smartphones, outros aparelhos como TVs, computadores, laptops e tablets chegam ao fim de sua vida útil. Mas, afinal, como devemos realizar o descarte de eletrônicos?

Infelizmente, a maioria dos produtos acaba em aterros sanitários e, sendo assim, apenas 12,5% da sucata eletrônica é reciclada. De acordo com dados do Global e-Waste Monitor 2020, estudo elaborado pela ONU, um recorde de 53,6 milhões de toneladas de eletrônicos foi gerado em todo o mundo em 2019, um aumento de 21% no descarte de eletrônicos em apenas cinco anos.

A falta de manejo adequado deste tipo de material causa uma série de impactos no meio ambiente, comprometendo a sustentabilidade do planeta. Além disso, quando se deixa de definir um protocolo padrão para o descarte de eletrônicos, as empresas e os clientes desperdiçam materiais valiosos, incluindo cobre, estanho, ferro, alumínio, combustíveis fósseis, titânio, ouro e prata.

Muitos dos materiais utilizados ​​na fabricação de dispositivos eletrônicos podem ser recuperados, reutilizados e reciclados, incluindo plásticos, metais e vidro. Em um relatório, a Apple revelou que recuperou quase uma tonelada de ouro, no valor de 40 milhões de dólares, de iPhones, Macs e iPads reciclados em 2015.

Neste artigo, apresentamos a importância do descarte de eletrônicos e as melhores práticas para garantir a reciclagem dos produtos. Continue lendo o texto!

O que é sucata eletrônica?

Sucata eletrônica é definida como o lixo que geramos a partir do descarte de eletrônicos excedentes, quebrados e obsoletos. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define lixo eletrônico como qualquer dispositivo alimentado por energia elétrica que atingiu o fim de sua vida útil.

Para facilitar a compreensão do que é este tipo de lixo, o termo Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE) foi criado para designar, portanto, todos os dispositivos eletrônicos, bem como suas partes e acessórios descartados, que já não possuem mais a intenção de reuso.

O que caracteriza um REE é que, em sua composição, esses equipamentos contêm vários produtos químicos e materiais tóxicos e perigosos. Se a destinação da sucata eletrônica não é feita de maneira adequada, esses componentes são liberados no meio ambiente contaminando a água, o solo e prejudicando a saúde das pessoas. 

Tipos de sucata eletrônica

Muito além dos smartphones, existe uma série de outros equipamentos classificados como sucata eletrônica. Confira os tipos de REEE organizados em seis categorias diferentes:

  • Equipamentos que regulam temperatura: refrigeradores, freezers, geladeiras, ar condicionados e freezers;
  • Telas e monitores: televisores, notebooks e tablets;
  • Equipamentos de telecomunicações: celulares, GPS, roteadores, computadores, impressoras e telefones;
  • Equipamentos pequenos: aspiradores de pós, micro-ondas, ventiladores, torradeiras, calculadoras, rádios e câmeras;
  • Equipamentos grandes: máquinas lava louças e lava roupas, fogões elétricos, copiadoras e painéis solares;
  • Lâmpadas.

Obsolescência programada e descarte de eletrônicos

O volume crescente de lixo eletrônico é resultado, principalmente, da técnica de obsolescência programada. O método é usado por fabricantes para incentivar a compra de novos produtos, mesmo que aqueles que você possui estejam em perfeitas condições de funcionamento, o que aumenta o descarte de eletrônicos.

Na prática, trata-se de produzir itens com a duração de sua vida útil predefinida. Um exemplo simples. Pare e pense: quantos celulares você já teve na vida?

A resposta fornece uma ideia da dimensão do impacto do lixo tecnológico para o planeta. De acordo com a MarketWatch, em 2018, os consumidores trocavam seus celulares a cada 15 meses. Isso sem contar o descarte de outros tipos de eletrônicos.

Processo de reaproveitamento e reciclagem

A reciclagem de eletrônicos é desafiadora por várias razões. Uma delas é o fato de que os dispositivos descartados são fabricados em proporções variáveis ​​de vidro, metais e plásticos. Na prática, processo de reciclagem pode mudar, dependendo dos materiais que estão sendo reciclados e das tecnologias empregadas.

Contudo, é possível ter uma visão geral de como o processo de reaproveitamento e reciclagem acontece. Veja só:

Coleta e transporte

São duas das etapas iniciais do processo de reciclagem. Os recicladores colocam lixeiras de coleta ou cabines de devolução de eletrônicos em locais específicos. Na sequência, transportam o lixo eletrônico coletado para fábricas e instalações de reciclagem.

Separação

Já nas instalações de reciclagem, as sucatas eletrônicas devem ser processadas ​​e separadas, manualmente ou por um computador, selecionando-os por condições uso. A separação eficiente de materiais é a base da reciclagem de eletrônicos. Os aparelhos são desmontados, sendo que cada componente – a carcaça, a bateria, o vidro e as placas de circuito – tem um destino diferente.

Trituração 

A carcaça é triturada, permitindo a separação dos materiais conforme a densidade. Esse processo é realizado por uma máquina que, também, realiza uma nova separação dos materiais presentes. Essa separação ocorre de acordo com a densidade de cada elemento ali presente.

No Brasil, ainda são poucos os locais no qual as máquinas conseguem triturar e separar metais preciosos, mesmo que em pequena quantidade. Por isso, as recicladoras trituram as placas eletrônicas e, posteriormente, encaminham para empresas européias realizarem a reutilização deste material.

O descarte de eletrônicos correto é essencial, até mesmo pequenas placas podem contaminar o meio ambiente!

Destinação correta

Os resíduos plásticos podem ser vendidos para outras empresas que usam os polímeros, incinerados para gerar energia ou derretidos gerando outro plástico. Já os materiais tóxicos são colocados em tanques de armazenamento, sendo encaminhados para empresas especializadas.

Os vidros da telas de celular, televisores e monitores possuem diferentes substâncias, como chumbo e arsênio. Por isso, eles são classificados por tipo de vidro ou misturados, sendo tratados após um processo de moagem e comercializados para empresas utilizam o material como insumo na fabricação de novos produtos.

Especialmente no processo de reciclagem é possível constatar um grande número do que é rotulado como “lixo eletrônico” e que, na realidade, não podem ser considerados sucatas. Estes, por sua vez, são equipamentos eletrônicos inteiros com peças comercializáveis ​​para reuso ou na reciclagem para recuperação de materiais.

Descarte de eletrônicos e reciclagem evitam o desperdício de recursos naturais 

A reciclagem do lixo eletrônico permite recuperar vários metais valiosos e outros materiais, economizando recursos naturais, reduzindo a poluição, conservando o espaço do aterro e criando empregos. Além disso, o descarte de eletrônicos correto possibilita que, tanto peças como equipamentos inteiros, tenham sua destinação correta.

De outro modo, esse tipo de prática ajuda a reduzir o desperdício da produção. De acordo com dados da Electronics TakeBack Coalition, a fabricação de um único computador e um monitor requer o uso de 1,5 tonelada de água, 240 quilos combustível fóssil e 18 quilos de produtos químicos.

Por Carla Albino

Fonte: ingrammicro.com.br